domingo, 24 de novembro de 2013

                               ECOLOCALIZAÇÃO EM MORCEGOS: PARA QUE SERVE?


Os morcegos são animais mamíferos da ordem Chiroptera e são os únicos mamíferos que podem voar. Esta característica se deve a alteração dos membros anteriores, onde as falanges são bem desenvolvidas e interligadas ao braço, antebraço e tronco do animal por meio de uma membrana muito flexível, chamada patágio. Estes animais têm a dieta mais variada entre os mamíferos, comendo frutas, folhas, insetos, néctar, pólen, pequenos vertebrados, peixes e sangue. Dentre estes animais, 70% se alimentam de insetos e todo o restante se alimenta de frutas. Somente três espécies se alimentam de sangue: os chamados morcegos hematófagos ou ''vampiros'' encontrados na América Latina.

Apesar de serem vistos como criaturas maléficas, devido a sua aparência, hábitos noturnos, e somente encontrados escondidos em abrigos escuros, sujos e úmidos, durante o dia, contribuem para a estrutura da dinâmica do ecossistema, como polinizadores, dispersores de sementes, predadores de insetos, fornecedores de nutrientes em cavernas e vetores de doenças silvestres, entre outras funções.

Durante as suas atividades, se utilizam de sentidos muito especializados:

Olfato: desenvolvido, serve para identificar alimentos, além de reconhecer filhotes e companheiros de abrigo;
Memória: o uso da memória faz ao animal gastar energia, por isso é bem desenvolvida. Serve por exemplo, para aqueles que precisam retornar a um local que tenha alimento;
Visão: os morcegos não são cegos, eles enxergam muito bem, noite e dia. Alguns enxergam em preto e branco, e outros, colorido. Utilizam a visão para escolherem o alimento de sua preferência.
Audição: o mais desenvolvido sentido, o qual faz parte um mecanismo chamado ecolocalização. Eles utilizam este mecanismo para se deslocarem de um ponto a outro.

ECOLOCALIZAÇÃO

Segundo Cunha, a ecolocalização pode ser definida como um mecanismo natural , utilizado por alguns animais , aumentando a sua capacidade de detecção de objetos no espaço. Este sentido de localização natural é muito restrito na natureza, ocorrendo em dois grupos de mamíferos: os golfinhos e os morcegos, e reduzido em aves e insetos. O mecanismo é simples: os animais geram ondas de alta frequência, acima da faixa de frequência audível, na altura do som. As frentes de ondas geradas se deslocam pelo meio, atingindo o obstáculo a ser identificado e retornam ao emissor que processa as informações recebidas, identificando a posição do obstáculo (Fig.1).


Fig.1- Ecolocalização produzida por um morcego.


A formação do ultrassom, segundo Cunha,  não é definida por algum sistema diferenciado dos outros mamíferos. O som tem origem na laringe e é emitido pelo nariz ou abrindo a boca. O que diferencial é uma musculatura na laringe que proporciona a vibração das cordas locais com altas frequências. O meio de propagação das ondas é sempre o ar. Estes animais não se arriscam na água, porque possui um corpo adaptado para as condições específicas de vôo.

A recepção das ondas refletidas, emitidas pelos morcegos, não difere também dos outros mamíferos. A conformação da orelha é projetada de forma a captar ondas refletidas, na maioria dos animais, com cavidade voltada para frente, como se fossem duas parabólicas (CUNHA, 2010).

Ao emitirem uma sequência de ultra sons, devido à velocidade relativa entre a presa e caçador, as frentes retornarão com uma defasagem de frequência. Esta diferença de frequência é traduzida pelo morcego como posição e velocidade da presa. Através da intensidade da onda refletida, o caçador também identifica o tamanho da caça. O mecanismo se torna ainda mais eficiente devido ao fato do animal emitir pulsos em ultra som, desta forma, as frentes de onda que podem ser direcionadas e pouco se perde de informações em decorrência da difração (CUNHA, 2010).

A ecolocalização consiste além de outros mecanismos, o Efeito Doppler, que consiste em um fenômeno que ocorre quando existe movimento entre a fonte do som ou do ouvinte com relação ao meio, levando este a perceber uma variação na frequência do som ouvido. É a partir desse efeito, que os movimentos do morcego são calculados.


Os morcegos usam a ecolocalização para: reconhecimento de parentes e reconhecimento da colônia e na procura de alimentos. Dois vídeos abaixo mostram resumidamente a vida destes animais:








REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

CUNHA, Luciano Polegário Cunha. A utilização da ecolocalização dos morcegos. 2010. 40p. Trabalho de conclusão de curso( Física), Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, Ji- Paraná, Rondônia, 2010.

GONÇALVES, Celso Alberto, GUNNIEK, Mônica Fagundes Klein. Morcegos. Disponível em: <http://www.defesaagropecuaria.sp.gov.br/Crianca/animais/morcegos.htm> Acesso em 24 nov.

 Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Morcegos> Acesso em 24 nov.

Disponível em<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecolocaliza%C3%A7%C3%A3o> Acesso em 24 nov.











domingo, 3 de novembro de 2013

                            TUBARÕES: COMO ELES PERCEBEM AS SUAS PRESAS??




Os peixes ( ou sua maioria) possuem órgãos sensoriais muito desenvolvidos, sendo que seus olhos enxergam cores diferentes e também, têm um sentido químico apurados, utilizando quimiorreceptores para sentirem o cheiro e gosto do ambiente. A audição está presente, mas o meio aquático interfere nesta característica. Geram sons e podem se comunicar através da recepção e emissão sonora. Percebem correntes e vibrações do campo ao redor de seus corpos através do sistema da linha lateral. Alguns podem perceber a eletricidade e emitir campos elétricos fortes. Esta última característica, é uma marca registrada dos tubarões.

Os tubarões usam sua sensibilidade à eletricidade e ao calor para localizar as presas. São capazes de detectar campos elétricos por meio de estruturas especializadas, as ampolas de Lorenzini (Fig.1).

Fig.1


As ampolas de Lorenzini são poros que se localizam ao redor do focinho de dos Elasmobranquii,uma subclasse de peixes cartilaginosos que inclui os tubarões e raias. Segundo Cole, a história começa em 1678, quando o anatomista Stefano Lorenzini descreveu poros que pontilham a parte dianteira da cabeça dos tubarões e arraias, dando aos peixes aparência de barba mal feita. Ele notou que os poros que se concentravam ao redor da boca do tubarão, e, ao remover a pele vizinha, que cada poro levava a um longo tubo transparente, cheio de gel cristalino. Alguns dos tubos eram pequenos e delicados, mas outros quase tinham um diâmetro de um fio de espaguete e vários centímetros de comprimento.. Na região mais profunda da cabeça, os tubos se congregavam em grandes massas de gelatina transparente. Ele considerou e rejeitou  a possibilidade de que esses poros fossem a fonte da substância viscosa do corpo do peixe. Posteriormente, especulou que poderiam ter uma ''função mais oculta'' mas seu propósito permaneceu sem explicação. Somente mais tarde, no final do século XIX, o microscópio revelou que os poros no focinho do tubarão e as estruturas incomuns sob eles,  as chamadas ampolas de Lorenzini, deviam ser órgãos sensoriais.

 E PORQUE OS TUBARÕES ATACAM??

Os tubarões não costumam atacar humanos, apesar disso, são projetados para caçar e comer grandes quantidades de carne. A dieta do tubarão consiste em comer peixes, tartarugas marinhas, baleias, leões marinhos e focas. Os humanos não fornecem carne com gordura suficiente para os tubarões que precisam de muita energia para movimentar seus corpos grandes e musculosos. Mas também, são animais que obedecem seus instintos como todos os outros.
Sim, mas porque eles atacam os humanos, se não os comem?? O ataque padrão dos tubarões consiste em morder a vítima por alguns segundos e depois soltá-la. O que acontece é que o tubarão confunde o ser humano com alguma coisa que ele realmente come. Depois que sente o gosto e percebe que não a comida a qual está acostumado, ele solta a vítima.
Se enxergarmos sob o ponto de vista animal, concluiremos o seguinte: geralmente, muitos ataques ocorrem com surfistas ou pessoas andando de boogie boards. Um tubarão embaixo da água, vê um formato oval com braços e pernas livres nadando sobre a superfície (Fig. 2). Isso cria uma grande semelhança com um leão marinho (principal presa dos tubarões brancos), ou tartarugas marinhas(presas dos tubarões- tigres). Os ataques também ocorreram com frequência quando os humanos pescavam com arpões nas águas oceânicas. Os tubarões são atraídos por sinais enviados por peixes mortos: o cheiro de sangue na água e os impulsos elétricos emitidos a medida que o peixe luta. Os tubarões detectam esses sinais com as ampolas de Lorenzini, estruturas eletricamente sensíveis. Quando o tubarão chega ao local ele pode se tornar agitado e agressivo na presença de tanta comida. Um tubarão faminto e excitado pode facilmente confundir um ser humano com sua presa atual.
Existem casos que os tubarões atacam devido a sua agressão e não fome. Acredita-se que algumas espécies, como o tubarão- branco exibe comportamento dominante sobre outros tubarões.Ás vezes, eles atacam porque estão respondendo a uma agressão humana. Os tubarões- dormidores, por exemplo, são calmos, parados no fundo do oceano.Alguns mergulhadores costumam puxar a cauda destes peixes e acabaram ensinando aos mergulhadores a não mexê-los. Ou seja, os ataques estão divididos entre ataques provocados e não -provocados.
Fig.2




Como foi explicado antes, as ampolas de Lorenzini são estruturas eletrorreceptoras sensíveis, dotadas de um canal preenchido por um gel condutor de eletricidade, que se estende a uma distância abaixo da superfície da epiderme. Esta distância permite uma diferença de potencial elétrico. Assim, células modificadas, os eletrorreceptores, podem detectar campos elétricos correspondentes a variações no espaço. Os eletrorreceptores se assemelham a voltímetros medindo a diferença dos potenciais elétricos, em locações discretas por toda a superfície do corpo do animal.
E porque que com essas características, as presas são facilmente detectadas?? As atividades musculares geram um potencial elétrico e os organismos aquáticos liberam um potencial devido ao resultado do balanço químico do organismo com o meio. Um tubarão pode localizar e atacar um peixe devido às descargas elétricas produzidas pela presa. As diferenças de temperatura das massas de água ao longo dos mares, é mais um método utilizado pelos tubarões. O gel lipoprotéico que preenche o canal das ampolas pode responder a variações de 0,001 º C , e dessa forma, auxiliar os tubarões a localizar com mais precisão suas presas ao longo dos oceanos.

Um sistema que é útil aos tubarões é o olfato, bastante apurado. São chamados de ''narizes nadadores'', por terem uma forte recepção química. Experimentos demonstram que que alguns tubarões respondem a compostos químicos com concentrações muito baixas. A visão, apesar de não ser tão apurada, também ajuda no comportamento alimentar em lugares de baixa luminosidade. Isso acontece devido a retina rica em bastonetes e de uma estrutura chamada tapetum lucidum, grupo de células que contêm cristais de guanina e eles atuam como espelhos refletindo a luz de volta para a retina, aumentando as chances de maior absorção luminosa.

DISPONÍVEL EM: 

http://cienciasetecnologia.com/como-os-tubaroes-percebem-suas-presas/;
http://ciencia.hsw.uol.com.br/ataques-de-tubarao.htm;
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/o_sentido_eletrico_dos_tubaroes.html.