domingo, 15 de dezembro de 2013

                                                         CÃES E DIABETE MELLITUS


Se você perguntar a uma pessoa se a diabete é uma doença restrita a humanos, com certeza ela diria que sim. O que muitos não sabem, é que a diabete é uma doença também causada em cães, assim como outras doenças características em humanos estes animais também podem adquirir.


O diabete mellitus é uma doença comum em cães e pode ser fatal se ela não for logo diagnosticada e tratada. O que ocorre é uma deficiência na produção de insulina pelo pâncreas através das ilhotas pancreáticas, ou uma deficiência da ação da insulina nos tecidos.

O pâncreas é uma glândula em forma de V, situada ao longo do duodeno ( porção inicial do intestino delgado). É considerado uma glândula mista, ou seja, possui ações exócrina e endócrina. Exócrina porque ela secreta ácinos pancreáticos, que produzem enzimas importantes que atuam na digestão. Endócrina, pois ele é composto de células produtoras de hormônios lançados na corrente sanguíneas: céluas alfa ( secretam glucagon),  células beta ( secretam insulina), células delta ( secretam somatostatina) e células F, que produzem polipeptídeo pancreático. Qualquer problema que envolve algumas dessas células, acarretam problemas como um excesso ou falta do hormônio produzido por elas. Não só cães mas gatos também são acometidos por essa disfunção pancreática.

A insulina é produzida pelo pâncreas e é secretado pelas células beta, e o seu nível é aumentado logo após a digestão de nutrientes e diminuído quando nada é ingerido. Alguns hormônios, tóxicos e outros fármacos podem afetar a produção do hormônio. A insulina primeiramente é sintetizada com pré-insulina, que sofrendo a ação de uma peptidase, forma a pró insulina, que fica armazenada em grânulos dentro das células beta, até que ela receba um sinal para ser excretada. Depois da ação de peptidases, a pró-insulina se transforma em insulina.


A insulina, um hormônio anabólico em mamíferos possuem duas funções:  estimular o metabolismo de dos carboidratos e lipídios pela ação de enzimas celulares; e trasporte de glicose  através das membranas plasmáticas das células sensíveis à insulina, nas células adiposas e da musculatura  esquelética. A insulina ainda inibe a quebra de gordura e a sua deficiência é acompanhada da lipólise.

A insulina atua da seguinte forma:  existem receptores de insulina na membrana da célula que recebe o hormônio. A glicose entra para o interior da célula, facilitada pela insulina. Antes de entrar na célula, ela fica aprisionada no hepatócito (células do fígado). A insulina ajusta o nível de glicose sanguínea com o nível de gliose hepática controlado a glicose plasmática Quando os níveis de glicose e insulina estão altos na corrente sanguínea ( por exemplo, após as refeições)  a glicose entra no fígado. Quando a glicose sanguínea se torna baixa em face a altos níveis de insulina, a glicose sai do hepátócito produzindo normoglicemia ( FARIA, 2007 apud., WOLFSHEIMER, 1991; CHEVILLE, 1993). Ver o ciclo da insulina na Figura 1.

Figura 1. Ciclo da insulina


 Nas células adiposas e musculares esqueléticas, sensíveis a insulina, esta se liga aos receptores glicoprotéicos da membrana plasmática, acelerando o transporte de glicose para a célula . Uma vez iniciado esse processo, a insulina é degradada rapidamente pela enzima insulinase. A sensibilidade à insulina é regulada pela hipófise, pelos hormônios da adrenal  e por outros fatores (FARIA, 2006 apud., CHEVILLE, 1993).

Os níveis baixos de insulina tornam os hepatócitos mais sensíveis ao glucagon, e a diminuição de ambos produz duas alterações: aumenta a gliconeogênese e a capacidade citogênica dos hepatócitos e abastece os hepatócitos com os precursores necessários para a produção da glicose, vindos do músculo de da gordura.. O aumento da necessidade de insulina está relacionada a dieta com alto teor de calorias e o Efeito Somogy, que induz a hiperglicemia por queda da concentração glicêmica menos que 65 mg/dl.  Essa queda promove estímulos diversos nos mecanismos fisiológicos que interferem na ação da insulina[...] (FARIA 2006 apud.,NOGUEIRA, 2002).

A diabete mellitus em cães como acontece em humanos, pode ser classificada em três tipos, com base na capacidade secretória das células beta  pancreáticas: Grupo I ou dependente de insulina; Grupo II ou não dependente da insulina; e grupo III ( FARIA 2006 apud ., NICHOLS, 1992).

O grupo I - conhecido com diabete dependente de insulina , a forma mais comum em cães, apresenta uma alta concentração de glicose sanguínea, incapaz de responder ao aumento da glicemia com a liberação de insulina, semelhante ao diabetes tipo I em humanos. É um distúrbio envolvendo células beta que resulta na diminuição dos níveis de insulina e numa hiperglicemia sensível a insulina (FARIA 2006 apud., NICHOLS, 1992);

O grupo II- ocorrem em cães com alta ou baixa concentração de insulina e glicose sanguínea, liberação retardada da insulina endógena após estímulos com a glicose  semelhante ao diabetes tipo II em humanos (FARIA 2006 apud., NICHOLS, 1992);


O grupo III- cães com concentração discreta de glicose no sangue e concentração normal de insulina.  Cães com essa tipo de doença mostram-se capazes de responder ao teste de tolerância a glicose semelhante a humanos com diabetes tipo III, subclínico ou alterada tolerância à glicose. Este tipo de diabete ainda é causado por problemas  na concentração elevada de hormônios como glicocorticóides, , adrenalina, glucagon ou hormônio do crescimento que pode ocorrer devido a secreção excessiva, deficiente degradação ou administração exógena dos mesmos (FARIA 2006 apud., NICHOLS, 1992).



A causa de diabetes em cães é sem dúvidas, multifatorial. Predisposição genética, infecções , enfermidades antagônicas da insulina e drogas, ileíte imunomediada  e pancreatite forma identificados como fatores iniciais que desenvolvem o diabete mellitus dependente da insulina (FARIA 2006, apud., SHADE, 1993; PROST, 1995). Pode ser desencadeado também por hiperfunção da hipófise anterior  ou córtex adrenal e qualquer outro fator que provoque uma alteração nas ilhotas de Langerhans. . Outros fatores como obesidade, estro e prenhez, idade e estresse, pode ser também causadores da doença.  No caso do estro e prenhez, o que ocorre é a sensibilidade dos órgãos alvo para a ação da insulina, provocada pelo aumento da produção de estrógeno e progesterona. As fêmeas não castradas são as que têm maiores chances de desenvolverem a doença.


O animal com sintomas da diabete passa a ter sintomas como, polidipsia, poliúria, polifagia e perda de peso. Geralmente, o dono do animal passa e reclamá-lo, que ele urinou dentro de casa ou ficou cego devido a um processo de catarata comum em cães diabéticos.

A detecção de diabetes em cães pode ser feita através de uma urinálise com cultura bacteriana, lípase sérica, glicemia em jejum, hemograma completo, provas de função renal (uréia ou creatinina),  proteína sérica total, albumina sérica, alanina amino- transferase sérica (ALT)  e fosfatase alcalina sérica (FARIAS, 2006., apud, NELSON, 1994). Os animais que apresentam  vômitos, diarréia, anorexia e desidratação,  devem ser avaliados quanto a pancreatite, bem como em relação ao balanço eletrolítico e ácido básico (FARIAS 2006, apud., NELSON E FELDMANN, 1988).

Outra complicação do diabete mellitus, a hiperglicemia crônica, consiste a elevação crônica da glicose em cães, provocando glomerulopatia membranosa, causado por uso de insulina por um logo tempo;  a formação da catarata ( Figura 2) e infecções bacterianas, principalmente no aparelho urinário.


Figura 2. Cão com catarata


O tratamento para cães com essa doença se baseia no restabelecimento da homeostase normal do metabolismo de proteínas, lipídios e carboidratos. São aplicadas diariamente injeções de insulina no diabetes do tipo I. As insulina produzidas comercialmente é classificada pela sua rapidez, duração e intensidade da ação após a administração. As insulinas mais utilizadas são: isophane (NPH) ou Lente®;  insulina zincoprotamina (PZI) e Regular® ( FARIAS 2006., apud, HOENING, 1988; WOLFSHEIMER, 1991)


Logo após a descoberta da doença , a insulina mais aplicada é a NPH. Todas as insulinas devem ser protegidas do frio e calor extremo calor extremos, e o conteúdo do frasco deve misturado completamente, mas sem agitação antes de administrar cada dose. Após administração subcutânea da insulina NPH, o início
da ação nos cães ocorre aproximadamente após 1 a 3 horas; o pico sanguíneo acontece em 4 a 8 horas; e a
duração total do efeito é de 12 a 24 horas. A insulina do tipo PZI é a menos potente mas de ação maior. Quando a insulina faz efeito, alcança seu pico máximo e a glicemia se reduz.

Alguns fatores podem afetar a aborção da insulina e o seu tempo de ação como: local de aplicação, grau de atividade física, dosagem e a espécie de origem da insulina. O fator mais importante de todos é a variação individual, além da obesidade (FARIAS 2006 apud., MATTHEEUWS et al., 1984).

Os cães demoram de 2 a 4 dias para equilibrar a homeostasia de glicose após o início da administração da insulina ou após qualquer modificação do tipo ou posologia da insulina. Por isso eles não são monitorados logo nos primeiros dias. A glicemia é determinada uma ou duas vezes à tarde para identificar uma sensibilidade significativa às doses aplicadas (FARIAS, 2006 apud., NELSON, 1985.) Além da aplicação da insulina, deve aplicar exercícios em cães e também controlar o seu peso com alimentação adequada.

Um vídeo abaixo  mostram  casos diabete em um cães








REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

FARIA, Priscilla Fernandes de. Diabetes Mellitus em Cães. Natal, 2007. Acta Veterinaria Brasílica, v.1, n.1, p.8-22, 2007.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

     DISCUSSÃO DO ARTIGO '' ASPECTOS MORFOLÓGICOS DA MUSCULATURA LATERAL                                                                     DOS PEIXES''

                                                        Autor: Vander Bruno dos Santos 


O artigo discutido em questão mostra como é constituída a musculatura dos peixes, destacando a sua formação e função, além da evolução da musculatura do animal.
Ao iniciar o artigo, ele se baseia em uma referência falando sobre a constituição da massa do corpo do peixe, que é formada em grande parte por tecido muscular, sendo que em peixes, essa característica é mais destacada, que em outros tipos de animais, devido à economia de peso e à severa demanda da atividade do sistema locomotor, pela densidade do meio. A relação massa e locomoção é equivalente, ou seja, quanto maior a massa muscular do peixe, mais facilidade ele terá para nadar rapidamente.

O tipo de locomoção do peixe, é do tipo axial ondulatória e em vertebrados aquáticos em geral e o desempenho ondulatório tem de ser mantido por forças musculares, transmitidas para estruturas axiais, como a coluna vertebral (BRUNO, 2006, apud GEMBALLA E VOGUEL, 2002).

A carne do peixe possui algumas características que carnes de outros animais vertebrados não possuem. As fibras contráteis são inervadas e nenhuma musculatura do peixe é alongada (BRUNO, 2006), e também, possui menor quantidade de colágeno, característica devida a menos ligações cruzadas que as aves e mamíferos (BRUNO, 2006, apud GEMBALLA E VOGUEL, 2002).

Organização e evolução da musculatura dos peixes-  A musculatura natatória dos peixes teleósteos (grupo de peixes ósseos) corresponde 60% da massa total do corpo e é constituída de unidades chamadas miótomos, separados uns dos outros por uma camada de tecido conjuntivo, os miosseptos. Os miosseptos (Fig 1) transmitem uma força de contração da fibra muscular miotomal (Fig 1) é transmitida pelos tendões, para o esqueleto axial e nadadeira caudal, que resulta no movimento ondulatório e propulsão para frente. O corpo dos ciclostomados, como as lampréias, é segmentado da seguinte forma: cada miótomo forma um segmento muscular ( miômero). As fibras curtas dos miômeros fixam nos miosseptos. Os miômeros e septos estão dispostos empregas suaves (BRUNO apud POUGH  et al., 2003).



Figura 1.  Desenho esquemático da musculatura do peixe.




A musculatura esquelética dos animais vertebrados são formados por feixes de células, multinucleadas, longas e cilíndricas, as fibras musculares e cada fibra é composta de um feixe de estruturas cilíndricas e estriadas, a miofibrilas. A repetição das unidades de miofibrilas dão origem a aparência estriada e constituem o sarcômero muscular (BRUNO, 2006).

A membrana periférica da fibra, o sarcolema, fica despolarizado e sua despolarização é propagada ao longo de toda a fibra  ou até a próxima junção neuromuscular A despolarização desencadeia a liberação de íons cálcio (Ca +²) dentro da fibra. A liberação desses íons proporciona o início da contração muscular.

Fibras musculares

Os músculos locomotores de todos os peixes são altamente especializados para garantir a produção de diferentes tipos de força. as quais são requeridas do sistema muscular  durante a locomoção em velocidade, podendo ser mantidas por tempo indefinido ou também em velocidade alta de curta duração (BRUNO, 2006, apud, ROME  et al., 1988) . Para que os animais possam superar toda  a força adquirida, o seu sistema locomotor é dividido em partes, contendo diferente tipos de fibra musculares.

Em alguns peixes, o músculo é constituído de fibras brancas-rápidas que são cobertas de  por uma fina camada de fibras musculares vermelhas - lentas e de uma camada de fibras-rosa que são intermediárias. A cor do músculo está relacionado ao grau de vascularização de cada tipo de fibra. O músculo vermelho é mais escuro devido ao alto teor de mioglobina, grande número de mitocôndrias e alto grau de capilarização. O músculo rosa possui características intermediárias; e o branco, o músculo branco possui características contrárias do músculo vermelho.

A diferente localização das fibras musculares podem receber maior ou menor força, dependendo do local aonde elas estão situadas. As fibras posteriores recebem maiores forças que as anteriores, e as fibras vermelhas se ''esforçam'' mais que a s fibra brancas. Esse tipos de esforço específicos acabam influenciando a quantidade de proteínas produzidas no local, além do estresse hipermetabólico, aumentando o número de mitocôndrias no músculo.

PORQUE A CARNE DO SALMÃO É VERMELHA? 

Na verdade, o salmão (Fig. 2)  é um peixe de carne branca e a coloração que nós vemos é devido a um pigmento chamado astaxantina, um pigmento carotenóide sintetizado por algas e organismos unicelulares, que , comidas preferidas dos camarões. O salmão, é um grande predador de camarões e astaxantina  presente no corpo do camarão fica acumulada no músculo do salmão. Como ele come camarão o tempo todos, sua carne vai ficando rosada pois não consegue se livra do pigmento.
 Geralmente, os salmões que são vendidos são criados em viveiros com comida de peixe, pois o camarão geraria altos custos. Dessa forma, sua carne fica branca como a de qualquer outro peixe, e o consumidor que acredita que o salmão é da cor vermelha acaba não comprando, mesmo que a carne tenha o mesmo gosto. Daí, os criadores adicionam astaxantina sintético, que é extraído a partir da farinha do camarão, na dieta do peixe.


                                                   

                                                 
Figura 2. Salmão 



         REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:



SANTOS, Vander Bruno dos. Aspectos morfológicos da musculatura lateral dos peixes. 2006. B. Inst. Pesca, São Paulo, 33(1): 127-135-2007. São Paulo, 2006.

Disponível em:  <http//:http://engalimentos.com.br/post/2012/06/11/Por-que-a-carne-de-salmao-e-cor-de-rosa.aspx> . Acesso em 11dez.2013.                                               



domingo, 24 de novembro de 2013

                               ECOLOCALIZAÇÃO EM MORCEGOS: PARA QUE SERVE?


Os morcegos são animais mamíferos da ordem Chiroptera e são os únicos mamíferos que podem voar. Esta característica se deve a alteração dos membros anteriores, onde as falanges são bem desenvolvidas e interligadas ao braço, antebraço e tronco do animal por meio de uma membrana muito flexível, chamada patágio. Estes animais têm a dieta mais variada entre os mamíferos, comendo frutas, folhas, insetos, néctar, pólen, pequenos vertebrados, peixes e sangue. Dentre estes animais, 70% se alimentam de insetos e todo o restante se alimenta de frutas. Somente três espécies se alimentam de sangue: os chamados morcegos hematófagos ou ''vampiros'' encontrados na América Latina.

Apesar de serem vistos como criaturas maléficas, devido a sua aparência, hábitos noturnos, e somente encontrados escondidos em abrigos escuros, sujos e úmidos, durante o dia, contribuem para a estrutura da dinâmica do ecossistema, como polinizadores, dispersores de sementes, predadores de insetos, fornecedores de nutrientes em cavernas e vetores de doenças silvestres, entre outras funções.

Durante as suas atividades, se utilizam de sentidos muito especializados:

Olfato: desenvolvido, serve para identificar alimentos, além de reconhecer filhotes e companheiros de abrigo;
Memória: o uso da memória faz ao animal gastar energia, por isso é bem desenvolvida. Serve por exemplo, para aqueles que precisam retornar a um local que tenha alimento;
Visão: os morcegos não são cegos, eles enxergam muito bem, noite e dia. Alguns enxergam em preto e branco, e outros, colorido. Utilizam a visão para escolherem o alimento de sua preferência.
Audição: o mais desenvolvido sentido, o qual faz parte um mecanismo chamado ecolocalização. Eles utilizam este mecanismo para se deslocarem de um ponto a outro.

ECOLOCALIZAÇÃO

Segundo Cunha, a ecolocalização pode ser definida como um mecanismo natural , utilizado por alguns animais , aumentando a sua capacidade de detecção de objetos no espaço. Este sentido de localização natural é muito restrito na natureza, ocorrendo em dois grupos de mamíferos: os golfinhos e os morcegos, e reduzido em aves e insetos. O mecanismo é simples: os animais geram ondas de alta frequência, acima da faixa de frequência audível, na altura do som. As frentes de ondas geradas se deslocam pelo meio, atingindo o obstáculo a ser identificado e retornam ao emissor que processa as informações recebidas, identificando a posição do obstáculo (Fig.1).


Fig.1- Ecolocalização produzida por um morcego.


A formação do ultrassom, segundo Cunha,  não é definida por algum sistema diferenciado dos outros mamíferos. O som tem origem na laringe e é emitido pelo nariz ou abrindo a boca. O que diferencial é uma musculatura na laringe que proporciona a vibração das cordas locais com altas frequências. O meio de propagação das ondas é sempre o ar. Estes animais não se arriscam na água, porque possui um corpo adaptado para as condições específicas de vôo.

A recepção das ondas refletidas, emitidas pelos morcegos, não difere também dos outros mamíferos. A conformação da orelha é projetada de forma a captar ondas refletidas, na maioria dos animais, com cavidade voltada para frente, como se fossem duas parabólicas (CUNHA, 2010).

Ao emitirem uma sequência de ultra sons, devido à velocidade relativa entre a presa e caçador, as frentes retornarão com uma defasagem de frequência. Esta diferença de frequência é traduzida pelo morcego como posição e velocidade da presa. Através da intensidade da onda refletida, o caçador também identifica o tamanho da caça. O mecanismo se torna ainda mais eficiente devido ao fato do animal emitir pulsos em ultra som, desta forma, as frentes de onda que podem ser direcionadas e pouco se perde de informações em decorrência da difração (CUNHA, 2010).

A ecolocalização consiste além de outros mecanismos, o Efeito Doppler, que consiste em um fenômeno que ocorre quando existe movimento entre a fonte do som ou do ouvinte com relação ao meio, levando este a perceber uma variação na frequência do som ouvido. É a partir desse efeito, que os movimentos do morcego são calculados.


Os morcegos usam a ecolocalização para: reconhecimento de parentes e reconhecimento da colônia e na procura de alimentos. Dois vídeos abaixo mostram resumidamente a vida destes animais:








REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 

CUNHA, Luciano Polegário Cunha. A utilização da ecolocalização dos morcegos. 2010. 40p. Trabalho de conclusão de curso( Física), Universidade Federal de Rondônia, Campus de Ji-Paraná, Ji- Paraná, Rondônia, 2010.

GONÇALVES, Celso Alberto, GUNNIEK, Mônica Fagundes Klein. Morcegos. Disponível em: <http://www.defesaagropecuaria.sp.gov.br/Crianca/animais/morcegos.htm> Acesso em 24 nov.

 Disponível em <http://pt.wikipedia.org/wiki/Morcegos> Acesso em 24 nov.

Disponível em<http://pt.wikipedia.org/wiki/Ecolocaliza%C3%A7%C3%A3o> Acesso em 24 nov.











domingo, 3 de novembro de 2013

                            TUBARÕES: COMO ELES PERCEBEM AS SUAS PRESAS??




Os peixes ( ou sua maioria) possuem órgãos sensoriais muito desenvolvidos, sendo que seus olhos enxergam cores diferentes e também, têm um sentido químico apurados, utilizando quimiorreceptores para sentirem o cheiro e gosto do ambiente. A audição está presente, mas o meio aquático interfere nesta característica. Geram sons e podem se comunicar através da recepção e emissão sonora. Percebem correntes e vibrações do campo ao redor de seus corpos através do sistema da linha lateral. Alguns podem perceber a eletricidade e emitir campos elétricos fortes. Esta última característica, é uma marca registrada dos tubarões.

Os tubarões usam sua sensibilidade à eletricidade e ao calor para localizar as presas. São capazes de detectar campos elétricos por meio de estruturas especializadas, as ampolas de Lorenzini (Fig.1).

Fig.1


As ampolas de Lorenzini são poros que se localizam ao redor do focinho de dos Elasmobranquii,uma subclasse de peixes cartilaginosos que inclui os tubarões e raias. Segundo Cole, a história começa em 1678, quando o anatomista Stefano Lorenzini descreveu poros que pontilham a parte dianteira da cabeça dos tubarões e arraias, dando aos peixes aparência de barba mal feita. Ele notou que os poros que se concentravam ao redor da boca do tubarão, e, ao remover a pele vizinha, que cada poro levava a um longo tubo transparente, cheio de gel cristalino. Alguns dos tubos eram pequenos e delicados, mas outros quase tinham um diâmetro de um fio de espaguete e vários centímetros de comprimento.. Na região mais profunda da cabeça, os tubos se congregavam em grandes massas de gelatina transparente. Ele considerou e rejeitou  a possibilidade de que esses poros fossem a fonte da substância viscosa do corpo do peixe. Posteriormente, especulou que poderiam ter uma ''função mais oculta'' mas seu propósito permaneceu sem explicação. Somente mais tarde, no final do século XIX, o microscópio revelou que os poros no focinho do tubarão e as estruturas incomuns sob eles,  as chamadas ampolas de Lorenzini, deviam ser órgãos sensoriais.

 E PORQUE OS TUBARÕES ATACAM??

Os tubarões não costumam atacar humanos, apesar disso, são projetados para caçar e comer grandes quantidades de carne. A dieta do tubarão consiste em comer peixes, tartarugas marinhas, baleias, leões marinhos e focas. Os humanos não fornecem carne com gordura suficiente para os tubarões que precisam de muita energia para movimentar seus corpos grandes e musculosos. Mas também, são animais que obedecem seus instintos como todos os outros.
Sim, mas porque eles atacam os humanos, se não os comem?? O ataque padrão dos tubarões consiste em morder a vítima por alguns segundos e depois soltá-la. O que acontece é que o tubarão confunde o ser humano com alguma coisa que ele realmente come. Depois que sente o gosto e percebe que não a comida a qual está acostumado, ele solta a vítima.
Se enxergarmos sob o ponto de vista animal, concluiremos o seguinte: geralmente, muitos ataques ocorrem com surfistas ou pessoas andando de boogie boards. Um tubarão embaixo da água, vê um formato oval com braços e pernas livres nadando sobre a superfície (Fig. 2). Isso cria uma grande semelhança com um leão marinho (principal presa dos tubarões brancos), ou tartarugas marinhas(presas dos tubarões- tigres). Os ataques também ocorreram com frequência quando os humanos pescavam com arpões nas águas oceânicas. Os tubarões são atraídos por sinais enviados por peixes mortos: o cheiro de sangue na água e os impulsos elétricos emitidos a medida que o peixe luta. Os tubarões detectam esses sinais com as ampolas de Lorenzini, estruturas eletricamente sensíveis. Quando o tubarão chega ao local ele pode se tornar agitado e agressivo na presença de tanta comida. Um tubarão faminto e excitado pode facilmente confundir um ser humano com sua presa atual.
Existem casos que os tubarões atacam devido a sua agressão e não fome. Acredita-se que algumas espécies, como o tubarão- branco exibe comportamento dominante sobre outros tubarões.Ás vezes, eles atacam porque estão respondendo a uma agressão humana. Os tubarões- dormidores, por exemplo, são calmos, parados no fundo do oceano.Alguns mergulhadores costumam puxar a cauda destes peixes e acabaram ensinando aos mergulhadores a não mexê-los. Ou seja, os ataques estão divididos entre ataques provocados e não -provocados.
Fig.2




Como foi explicado antes, as ampolas de Lorenzini são estruturas eletrorreceptoras sensíveis, dotadas de um canal preenchido por um gel condutor de eletricidade, que se estende a uma distância abaixo da superfície da epiderme. Esta distância permite uma diferença de potencial elétrico. Assim, células modificadas, os eletrorreceptores, podem detectar campos elétricos correspondentes a variações no espaço. Os eletrorreceptores se assemelham a voltímetros medindo a diferença dos potenciais elétricos, em locações discretas por toda a superfície do corpo do animal.
E porque que com essas características, as presas são facilmente detectadas?? As atividades musculares geram um potencial elétrico e os organismos aquáticos liberam um potencial devido ao resultado do balanço químico do organismo com o meio. Um tubarão pode localizar e atacar um peixe devido às descargas elétricas produzidas pela presa. As diferenças de temperatura das massas de água ao longo dos mares, é mais um método utilizado pelos tubarões. O gel lipoprotéico que preenche o canal das ampolas pode responder a variações de 0,001 º C , e dessa forma, auxiliar os tubarões a localizar com mais precisão suas presas ao longo dos oceanos.

Um sistema que é útil aos tubarões é o olfato, bastante apurado. São chamados de ''narizes nadadores'', por terem uma forte recepção química. Experimentos demonstram que que alguns tubarões respondem a compostos químicos com concentrações muito baixas. A visão, apesar de não ser tão apurada, também ajuda no comportamento alimentar em lugares de baixa luminosidade. Isso acontece devido a retina rica em bastonetes e de uma estrutura chamada tapetum lucidum, grupo de células que contêm cristais de guanina e eles atuam como espelhos refletindo a luz de volta para a retina, aumentando as chances de maior absorção luminosa.

DISPONÍVEL EM: 

http://cienciasetecnologia.com/como-os-tubaroes-percebem-suas-presas/;
http://ciencia.hsw.uol.com.br/ataques-de-tubarao.htm;
http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/o_sentido_eletrico_dos_tubaroes.html.


segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Sistema nervoso: discutindo um pouco sobre o cérebro e as suas funções no corpo humano

     Durante a evolução dos metazoários, um reino que agrupa seres multicelulares, sendo que estas células se agrupam formando tecidos; e possuidores de um sistema digestório, dois sistemas surgem para coordenar os outros órgãos que apareceram ao logo do tempo: Sistema Nervoso e Endócrino. O sistema endócrino faz com que o sistema nervoso possa conhecer o ambiente e interagisse com ele.

     O Sistema Nervoso é constituído de duas partes: o SNC- Sistema Nervoso Central e SNP- Sistema Nervoso Periférico, (Fig 1). O sistema nervoso periférico é formado por nervos espinhais e ganglianos, terminais sensitivos e motores, cujas fibras nervosas são capazes de colher informações e transmití-las ao sistema nervoso central, enviando as mensagens para outros órgãos do corpo. O sistema nervoso central é constituído de encéfalo e medula. A medula está localizada dentro da coluna vertebral e o encéfalo, dentro do crânio. Ele é subdivido em três partes: cerebelo, tronco encefálico e o cérebro, que é formado por dois hemisférios, direito e esquerdo (Fig 2). O esquerdo é responsável pelo pensamento lógico e competência comunicativa. O direito, cuida do pensamento e criatividade. Em uma pessoa canhota, essas funções são trocadas entre os dois hemisférios.
Fig 1. Distribuição do sistema nervoso central e periférico.
Fig 2. Localização e funções dos hemisférios ( direito e esquerdo).
CÉREBRO E EVOLUÇÕES:
  Através do estudo das estruturas cerebrais, é permitido que possamos comparar as relações que existem entre as diferentes espécies de vertebrados, como localizações e anatomia destas estruturas. Em relação a evolução, nós humanos herdamos dos nossos ancestrais neurônios que não sofreram mudanças ao longo da evolução, eles possuem o mesmo aspecto e função. O nosso sistema nervoso difere dos demais devido a enorme quantidade de neurônios e as suas interligações. Os invertebrados possuem poucos neurônios, mas estes funcionam bem. Basta pegar o exemplo de uma aranha caçadora e o seu comportamento na hora que vai em busca de uma presa, ou , uma mariposa que possui apenas um neurônio e mesmo assim, detecta o ultrassom produzido pelos morcegos, facilitando a sua fuga. O cérebro humano possui cerca de 100 bilhões de neurônios.
Comparando os cérebros entre os vertebrados, nota-se que cada grupo que surgia possuía um cérebro maior. Primatas e hominídeos vêm aumentado gradativamente o tamanho cerebral. O cérebro dos símios era bem pequeno, seu volume tinha cerca de meio litro, do tamanho do cérebro de um chimpanzé. O cérebro humano é cerca de 3 vezes maior. A medida que os nossos ancestrais evoluíram, foi preciso aprender ações cada vez mais complexas, eles precisavam de cérebros maiores e melhores, poderosos e adaptáveis. 

Fig 3. Possível evolução cerebral.

O cérebro humano é o maior e o mais pesado entre todos os animais e a sua formação, dentro da normalidade, vai desde a terceira semana de gestação quando se inicia a formação da placa neural embrionária, se completando aos cinco anos idade, período no qual ocorre a mielinização dos neurônios corticais. Seria bom que fosse focado ainda mais sobre o desenvolvimento deste órgão:

DESENVOLVIMENTO CEREBRAL DE UM FETO:

O cérebro humano tem um desenvolvimento acelerado. Após a fecundação, já pode ser visto uma protuberância no meio de um disco de células. Na quinta semana de gestação, duas protuberâncias, os futuros hemisférios cerebrais, podem ser identificados. A partir daí, os neurônios se dividirão várias vezes, sendo rápida, produzindo 250 mil novos neurônios por minuto. No fim do primeiro mês de gestação, pode- se ver o cérebro em formação. Dentro desta etapa, o córtex dá início ao seu desenvolvimento. Na sétima semana, balões que darão início aos hemisférios cerebrais, têm o tamanho de uma ervilha e as paredes possuem camadas com uma espessura de  fio de cabelo.
Da sétima até a vigésima semana, cerca de 50.000 até 100.000 células são produzidas por segundo. A partir destes milhares, são produzidas células da glia ou células gliais, constituintes de cerca de 90% do sistema nervoso central de um adulto. A destruição destas células que pode ser causada por doenças , causam danos como a interrupção da comunicação no sistema nervoso central. 
Na décima semana de gestação, o tubo neural já pode ser observado. Esta estrutura dará origem a medula espinhal. Na semana seguinte, os dois hemisférios aparecem e ainda, surge o cerebelo. Futuramente, ele será responsável pelo equilíbrio, coordenação e tônus muscular. Os hemisférios também começam a tomar forma neste período.
Ao término da proliferação dos neurônios, apresentam o desenvolvimento dos dendritos e axônios, permitindo as sinapses e passagens de informações neurais permitindo o surgimento de movimentos espontâneos do bebê.

Fig 4. Desenvolvimento cerebral fetal.
O homem não possui o maior cérebro do reino animal, pois existem outros serem com cérebros maiores como baleias e elefantes, mas se compararmos ao tamanho do corpo, ele e o golfinho, prevalecem. A comparação do cérebro em animais com peso corporal diferente é feita da seguinte forma: é feito um quociente encefalização ( razão entre o peso do cérebro e o volume do corpo). Menor que 1, a espécie tem um cérebro menor que a média das espécies, com o mesmo tamanho corporal, se for maior que 1, a espécie tem em cérebro maior que outro, também com mesmo peso. o ser humano possui o quociente de valor 8, ou seja, seu cérebro é oito vezes maior que de outros animais com um mesmo porte.

COMO FUNCIONA O CÉREBRO:




O cérebro realiza várias tarefas como: controlar a temperatura do corpo, pressão arterial, frequência cardíaca, respiratória; aceita informações vindas dos sentidos do corpo como o olfato, visão, paladar;  controla os movimentos físicos, nos faz raciocinar, sonhar, sentir emoções.
Primeiramente, nosso cérebro é composto por aproximados 100 bilhões de células nervosas, os neurônios, que juntam e transmitem sinais eletroquímicos através de longas distâncias de um para outro neurônio. Eles são constituídos por três partes:
Corpo celular- possui todos os componentes celulares e é vital para o neurônio, pois sem ele, a célula pode morrer;
Axônio- projeção longa da célula, transporta a mensagem eletroquímica( impulso nervoso ou potencial de ação),  ao longo da célula, Eles podem ser recobertos por uma fina camada de mielina, que funciona como um isolamento. A mielina é constituída de gordura e ajuda na transmissão do impulso nervoso através do axônio.
Dendritos- realizam conexões com outras células e permitem que o neurônio se comunique com outras células. Se localizam em uma ou em duas terminações da célula.^

Fig 5. Esquema básico de um neurônio.



Existem tipos básicos de neurônios que constituem o sistema nervoso:

Neurônios motores- controlam as contrações dos músculos;
Neurônios sensoriais- transportam sinais da extremidades do corpo( periferias) para o sistema nervoso central;
Neurônios motores- transportam sinais do sistema nervoso central para as extremidades( músculos, glândulas, pele), do nosso corpo;
Iterneurônios- conectam vários neurônios dentro do cérebro e da medula espinhal.


Fig 6. Tipos de neurônios.

O cérebro possui as seguintes partes:
Tronco encefálico- que se divide em bulbo, ponte e mesencéfalo. O tronco encefálico controla os reflexos e funções automáticas( frequência cardíaca e pressão arterial) movimento dos membros e funções viscerais, como digestão e micção;
Cerebelo- integra informações do movimento vestibular que indicam posição e movimento e utiliza essas informações para coordenar os movimentos dos membros;
Cérebro superior ou córtex cerebral- integra informações de todos os órgãos dos sentidos, inicia as funções motoras; controla as emoções; realiza processos de memória e pensamento.


Fig 7. Partes do cérebro.




REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:


FREUDENRICH, Craig. Como funciona o cérebro? Disponível em : <http://http://saude.hsw.uol.com.br/cerebro5.htm>  Acesso em 09 set. 2013;

CANTO, Geny Aparecida, SCHIMDEK,  Werner Robert. Especialização do sistema nervoso, especialização hemisférica e plasticidade cerebral: um caminho ainda a ser percorrido.Revista Pensamento Biocêntrico. Pelotas, n 10 jul/dez 2008. Disponível em : <http://http://www.fflch.usp.br/df/opessoa/Evolucao-Cerebro.pdf> Acesso em 09 set.2013.